Franz Kafka escreveu um dia: “A
verdade é aquilo que todo o homem precisa para viver e que ele não pode obter
nem adquirir de ninguém. Todo o homem deve extraí-la sempre nova do seu próprio
íntimo, caso contrário ele arruína-se. Viver sem verdade é provável, mas não é
viver. A verdade é talvez a própria vida”.
Para mim, esta concepção de verdade é
um lema de vida. Há uma diferença entre verdade, opinião e critica. A verdade é
o que faz luz na nossa maneira de ver a vida, os outros e o mundo. Não há uma
verdade que seja uma cópia da realidade. Vemos o mundo pelos “óculos” que constituem
o nosso paradigma ou sistema de crenças. Os factos, os acontecimentos, a
realidade não fala por si, precisa que a interpretemos. E, in-ter-pre-tar, é ver por dentro (com a nossa maneira de ver),
fornecer o significado de algo; explicar, elucidar, segundo o nosso modo de
ver. Por isso, existem conflitos de interpretações: vemos as mesmas coisas, mas
damos significados diferentes, porque os nossos “óculos”, a nossa maneira de
ver é diferente.
A opinião é a nossa perspectiva, o
nosso ponto de vista. A crítica é o nosso desacordo, com a nossa verdade. Ela é
o resultado do nosso compromisso com a verdade. É mesmo indispensável e,
talvez, por isso, Descartes dizia que ela corrói o erro. Sem ela não há o
exercício da cidadania. A crítica é inerente à responsabilidade política. E ser
responsável é responder a uma acusação a uma crítica. Por isso, a crítica exige
confronto, direito ao contraditório, põe-nos em diálogo e ajuda a corrigir
erros que podem derivar de quem faz a crítica ou a ela se sujeita.
Tudo isto é muito diferente de atirar
com pedras e esconder a mão, com a cobardia e a falta de carácter das cartas ou
comunicados anónimos.
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