Gostava de escrever um poema de Natal
Que não falasse da acidez das lembranças
Não fosse uma reluzente operação de fantasia
Gostava de escrever um poema de Natal
Com três cravos na mão apenas!
E uma brisa de amor por companhia.
Gostava de escrever um poema de Natal
Sem as ondas raivosas nos rochedos
Sem a voz dos magoados silêncios do medo
Gostava de escrever um poema de Natal
Onde as palavras gravassem uma melodia
E fizesse a transfiguração da noite em dia
Gostava de escrever um poema de Natal
Que recolhesse dos gestos abandonados
As carícias que nas sombras se perderam
Gostava de fazer um poema de Natal
Onde falassem por mim os pássaros e o vento
E da vida se fizesse um sonho completo
Onde bebêssemos o azul da ternura que invento
João Baptista Magalhães
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