A Associação dos Amigos do Concelho do
Marco de Canaveses saúda neste novo ano todos os marcoenses e faz votos para
que as nuvens de pessimismo que pairam sobre todos nós, a nível local e global,
se dissipem.
Vivemos numa sociedade global e nada que
se passa no global é estranho às suas partes, mesmo que seja um Concelho, ou
uma Freguesia.
A única arma que temos para transformar
a nossa vida é a cidadania. Foi essa a razão da criação da Associação dos Amigos
do Concelho do Marco de Canaveses, mas muitos dos marcoenses ainda não
compreenderam que seu futuro, o futuro da sua terra, do seu país e do mundo
depende da forma como se organizam como cidadãos.
Ser cidadão é criar expectativas de uma
vida mais justiça, mais solidariedade e mais humana e lutar por elas, a nível
local e global. A cidadania é a razão de ser
da política e da democracia.
Mas, a política, como exercício de
causas, desapareceu. Hoje é, um jogo de sedução e ilusionismo que trata os
cidadãos como Pavlov tratou os seus cães, quando os sujeitou ao reflexo
condicionado.
A maioria dos cidadãos não dá conta
disso, porque não percebe as técnicas do marketing político que sobre eles
exercem. Votam como compram um sabonete que a publicidade diz ser usado por nove
de cada dez estrelas. Depois queixam-se, ficam eleitores amargurados, maldizentes,
sempre a demonizarem os políticos que eles próprios escolheram.
A cidadania activa, de criar
expectativas e lutar por elas, pressupõe saber avaliar escolhas em função do
carácter do candidato, do seu pensamento sobre o Concelho e do sentido de
serviço que possui. Isso exige desenvolver no eleitor uma postura apoiada no
saber interpretar sinais, no reconhecer o mérito e valorizá-lo. Não precisamos
de doutores, mas de homens bons; de quem tenha muita lábia, mas não saiba
ouvir; de quem promete tudo e nada cumpre; de quem tenha grande “ego”, mas sem
qualquer conteúdo.
Dispensamos a cultura de contacto, do “é
assim!...”, do conhecimento ditado pela digitação de palavras no Google,
mas quem procure ser sábio, capaz de problematizar, perceber diferenças e
construir um pensamento próprio, ligado à vida e comprometido com a vida de
todos nós. Precisamos de homens cultos, que criem laços na vida social e não
sejam mais um numa sociedade que se tornou num somatório de indivíduos egoístas,
órfãos de si mesmos, incapazes de gerarem sentimentos de solidariedade.
A Associação dos Amigos do Concelho do
Marco procura constituir-se num espaço de cidadania, aberto ao debate que faça
gerar as melhores ideias para a nossa terra e para uma vida feliz, em
democracia.
Infelizmente é mais reconhecida no país
que no seu Concelho. Inclusivamente, na sua própria terra é excluída nas
convocatórias dirigidas a outras associações, pela própria autarquia, que tem
logo á cabeça dois dos seus sócios.
O mais trágico para uma Associação são
os sócios envergonhados, os que fazem o jeito de se fazerem sócios, mas não geram
entusiasmo, não percebem que só de mãos dadas se cria um mundo melhor. Confiam
mais no marketing político do que na luta solidária.
Esperamos que o novo ano traga mais
sócios para a Associação dos Amigos do Marco, sócios com espirito marcoense, vontade de lutar pela sua Terra, pela
resolução dos seus problemas, como são os da água, do saneamento básico, dos
transportes, da educação e da saúde.
Já se sente o frenesim das próximas
eleições, mas ninguém conhece uma ideia nos protocandidatos sobre os problemas
da nossa Terra e isso é o fundamental!
Sei que os partidos continuam a considerar
que lhes basta levantar a bandeira para que o seu rebanho deposite o voto. Não
dão conta que isso cada vez acontece menos, basta ver o que aconteceu em 2016 a
nível global: foi o ano de todas as imprevisibilidades, falharam as sondagens e
só aconteceu o imprevisto.
Hoje, ao entramos em 2017 é como se
entrássemos num túnel que não sabemos se tem saída. É possível que Trump e
Putin marquem o novo destino do mundo e muitos partidos de direita ganhem
eleições, estilhacem a Comunidade Europeia
e o rumo de cada país seja uma tragédia humana.
Diria, tomando uma expressão de Hegel,
que a "astúcia do irracional” tomou conta do nosso destino colectivo.
Ninguém parece querer agarrar nas suas
próprias mãos o seu próprio destino, o destino dos seus filhos, do seu País e
do mundo. O próprio Papa Francisco reconhece que o futuro depende de nós
próprios e todos gostam de o ouvir, mas são incapazes de porem em prática as
suas palavras!
Por que ficamos indiferentes? Não seria de começar a acção por uma inscrição de
sócio na Associação dos Amigos do Marco de Canaveses, onde a cota é apenas de
dez euros por ano?
Esperamos que sim!
Um bom-ano para todos, mas trabalhemos por
isso!
João Batista Magalhães
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